RONDÔNIA: DOCENTES DA UNIR QUESTIONAM SINDICATO PARALELO DIRIGIDO POR EXTREMA DIREITA, DENUNCIAM ARBITRARIEDADES E RETOMAM A LUTA POR UM SINDICATO CLASSISTA

Repercutido de MOCLATE – Movimento Classista de Trabalhadores em Educação. Leia o informe sobre a situação do sindicato ADUNIR.

Desde o primeiro semestre de 2019, um grupo de docentes da Universidade Federal de Rondônia questiona golpe dado na criação de um sindicato paralelo dirigido por bolsonaristas e encampam luta por retomar a Seção Sindical do ANDES-SN. Durante todo o ano, diante do imobilismo desta direção de extrema-direita, constituiu-se uma comissão de mobilização de docentes, para reorganizar as inúmeras lutas contra os cortes no orçamento e as investidas privatistas de Bolsonaro e Banco Mundial.

No primeiro semestre de 2019 vários questionamentos surgiram no meio docente da UNIR em relação à posição do sindicato (Seção Sindical) diante dos cortes de verbas das universidades, do enfraquecimento da autonomia universitária entre outras políticas de destruição da universidade pública pelo atual governo. Para a perplexidade da maioria dos filiados, a ADUNIR-Seção Sindical do ANDES havia sido substituída por um “novo sindicato”.

Assembleia esvaziada, mediada pelo Presidente da ADUNIR

No dia 14 de dezembro de 2018, em segunda chamada, nas dependências de um clube em Porto Velho-RO, realizou-se uma Assembleia geral ordinária, dirigida pelo presidente da ADUNIR, com a presença de vários membros da atual diretoria, dois ex-presidentes e alguns filiados (um número reduzido). A reunião teve a seguinte pauta: 1 – Informes; 2 – Solenidade de aniversário de 35 anos da Adunir; 3 – Reforma Estatutária e Regimental visando a transformação da ADUNIR em “sindicato”; 4 – Outros assuntos. O presidente propôs a “Transformação da ADUNIR em sindicato” indicando a criação do SIND-ADUNIR – SINDICATO DOS DOCENTES DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS DE RONDÔNIA, a aprovação de seu estatuto e regimento e, que a diretoria atual da ADUNIR assumisse de imediato a direção desse novo sindicato, numa única votação. Foi definido que o processo deveria ser votado por aclamação. Colocou-se em votação e a proposta foi aprovada por unanimidade pelos presentes, que comemoraram em seguida com brindes, jantar e “show musical”. Assinaram a ata apenas 49 filiados. Conforme descrito na ata “Houve grande manifestação de satisfação e alegria com a aprovação”. Segundo os Docentes da UNIR “Estava posto o fim da ADUNIR. Dissolver a ADUNIR é uma possibilidade prevista no seu regimento, mas uma decisão como essa só poderia ocorrer com ampla discussão e participação de seus filiados”.

Os filiados não receberam nenhum comunicado sobre o fim da ADUNIR e fundação do tal “novo sindicato”. Em nota, a Comissão de docentes do Comando Unificado de Lutas em defesa da UNIR, destacou: “Nós, somos filiados à Seção Sindical do ANDES (ADUNIR) e não ao SIND-ADUNIR” e ainda considerou ser “uma atitude golpista dessa diretoria, realizar uma assembleia no final do ano, num jantar de confraternização natalina com a finalidade de por fim a ADUNIR, uma histórica seção sindical do ANDES-SN. A ADUNIR foi fundada em 08 de outubro de 1983. Ao longo de sua história dirigiu muitas greves e se posicionou em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade. As diretorias ao longo desses anos cumpriram com o disposto no seu estatuto e regimento, aplicaram a linha geral do ANDES-SN e respeitaram os direitos de seus filiados”.

A desastrosa direção da ADUNIR, dirigida por bolsonaristas, fez a Seção Sindical “encolher”. A UNIR atualmente conta com 814 docentes. Por não concordar com as ações da diretoria da ADUNIR nos últimos anos, muitos docentes se desfiliaram.  Em outubro de 2018 eram 359 filiados contribuintes totalizando R$ 41.890,65 mensais, o que segundo a Nota dos docentes da UNIR, é um “recurso que não se presta contas há muito tempo”. Ainda, segundo os Docentes, “Nota-se que o SIND-ADUNIR manteve o nome ADUNIR na folha de pagamento a fim de descontar nossa contribuição e não mais depositou nem uma moeda ao ANDES-SN, já que não se constitui mais numa de suas seções sindicais. Apenas mudou o nome da organização sindical. Os descontos continuaram se efetivando em nosso contracheque normalmente com nome de ADUNIR durante todo o primeiro semestre.  Nesse momento, diante da medida de Bolsonaro para destruir os sindicatos, impedindo de fazer desconto em folha, o SIND-ADUNIR, tem enviado boletos aos filiados. A maior parte dos filiados não tem conhecimento sobre a criação desse novo sindicato. Pensa estar filiada a ADUNIR, seção sindical do ANDES”. O “novo” sindicato foi criado aproveitando os filiados à ADUNIR e utilizando seu CNPJ, caso contrário não conseguiria manter a contribuição sindical descontada em folha de pagamento. Como um sindicato “independente”, o “SIND-ADUNIR” desligou-se do ANDES-SN. O último repasse financeiro feito ao ANDES foi referente ao mês de novembro de 2018.

Ainda no primeiro semestre de 2019, O Presidente do “SIND-ADUNIR” e outros membros da diretoria fizeram pronunciamentos públicos em defesa do Governo Bolsonaro e de suas políticas, como o corte de verbas das universidades. Defendeu publicamente os cortes e contingenciamentos feitos pelo governo no orçamento da UNIR, posicionou-se contrário as paralisações do dia 15 de maio, do dia 30 de maio e do dia 14 de junho deste ano e em favor da privatização da universidade pública. O sindicato como representante da categoria deve defender seu direito às condições de trabalho adequadas, posicionar-se em favor da universidade pública, e não a favor de um governo que tem atacado a universidade e a ciência.  Em defesa dos direitos dos docentes e da universidade pública a ADUNIR como seção sindical do ANDES realizou greves em todos os governos, desde sua fundação, inclusive nos governos Lula e Dilma. Sempre se manteve ao lado dos trabalhadores, independente de quem governa o país. Esse é o caráter de um sindicato comprometido com os interesses de seus filiados e não com a ideologia de sua diretoria. Muitos filiados estão estupefatos diante das posições pelegas e até fascistas de membros da diretoria do “SIND-ADUNIR” que criminalizam as lutas dos docentes e estudantes que foram às ruas nesses últimos dias em defesa da UNIR.

Os membros da Comissão Docente designada para o Comando Unificado em Defesa da UNIR solicitaram informações e documentos da diretoria do “SIND-ADUNIR” a fim de esclarecer os fatos denunciados e não obtiveram respostas. Em razão da omissão da diretoria em responder aos documentos protocolados e a representar a categoria nos processos de luta desencadeados na UNIR nos últimos meses, os docentes daquela Universidade solicitaram a presença da diretoria do ANDES-SN na UNIR para que pudessem tomar as providências que a situação exigia. No dia 25 de junho de 2019, no auditório Paulo Freire, uma reunião com diretores do ANDES e com ampla participação de docentes, definiu-se por traçar estratégias para retomar a seção sindical.

Mobilização contra o projeto privatista Future-se, denúncias de corrupção de bolsonaristas e a luta na defesa de uma seção sindical classista e de luta.

Esta Comissão, com apoio das Direções Regional e Nacional do ANDES, encampou uma ampla mobilização de discussão nos campi para denunciar o programa privatista Future-se e as estratégias de organização da entidade classista.  Neste período o núcleo bolsonarista foi implodido, pelas pugnas internas de sua direção, quando membros passaram a denunciar desvio de recurso financeiro por parte do presidente do “SIND-ADUNIR” e solicitar renúncia de cargos com a preocupação de serem envolvidos no escândalo. A denúncia bombástica destruiu o castelo de areia criado pelo presidente bolsonarista: desvio de recursos da ADUNIR para investimento no mercado de capitais em nome do próprio presidente. Tal denúncia, foi de público novamente denunciada na assembleia realizada no último dia 29 de novembro de 2019.

A manobra do presidente bolsonarista, foi num primeiro momento impedir a participação da categoria, excluindo nomes de filiados da lista de “aptos a participar” e a destacar segurança privada para conter os opositores “de esquerda”. Para completar, temendo a mobilização docente, transferiu a assembleia para fora do campus da Universidade, sendo retificada a convocação para o Clube de Dirigentes Logistas (CDL) de Porto Velho. No referido local o acesso era controlado por seguranças armados, que impediram o acesso de sindicalizados e de outros docentes que queriam assistir a assembleia. A imprensa também não teve acesso ao recinto. Segundo os “seguranças”, a ordem do impedimento de filiados, foi a de que não ocorreu o desconto em folha do mês de maio. Contudo, estranhamente, docentes denunciaram que mesmo devendo a referida mensalidade, alguns constavam na lista de “autorizados” a entrar no recinto da assembleia. A exclusão da lista foi seletiva visando impedir a oposição de se manifestar e votar pela destituição do atual presidente, além de outros questionamentos como a criação de um sindicato fantasma, que sequer tem registro sindical, o malfadado “SIND-ADUNIR”;

Alguns docentes, furando o cerco, conseguiram adentrar o recinto. Lá, no local, ocorreram tentativas de intimidar os docentes que conseguiram adentrar, uma vez que o advogado e um suposto “comendador” tentaram interpelar e impedir os denunciantes.

Mesmo com toda a manobra realizada por Leonardo Severo – assessorado por um advogado assumidamente “Bolsonarista” – em mudar o local da assembleia, de contratar a “empresa de segurança” para impedir a participação dos filiados, seu pleito foi infrutífero. Mesmo em pequeno número, os filiados que puderam entrar no recinto, denunciaram as irregularidades cometidas pelo Presidente e pediram sua destituição do cargo, posição acompanhada por membros da diretoria que estavam presentes. A proposição foi aprovada por unanimidade pelos presentes, exceto por Leonardo Severo que se absteve. Como viúvas, alguns bolsonaristas presentes, optaram por defender a destituição do presidente do sindicato, porque ficaram constrangidos em defende-lo. Outros, por vergonha, sequer apareceram.

A assembleia estava esvaziada mas, como o próprio presidente havia afirmado em sua abertura, tinha poder de deliberação com qualquer número de presentes. O Presidente Leonardo Severo, foi destituído e seu vice Cláudio Santini deverá assumir o cargo provisoriamente constituindo uma COMISSÃO PROVISÓRIA (com os remanescentes da atual diretoria) e encaminhando a IMEDIATA CONVOCAÇÃO DE NOVAS ELEIÇÕES PARA A DIREÇÃO DA ADUNIR.

Os docentes da UNIR, em nota divulgada no dia 30 de novembro, defenderam como tarefas imediatas:

  • Retomar a direção da entidade de classe, enquanto Seção Sindical do ANDES-Sindicato Nacional;
  • Fortalecer a entidade mantendo sua filiação e, no caso dos que se desfiliaram, filiar-se novamente;
  • Garantir a participação efetiva dos filiados dos campi do interior na próxima assembleia.

Ainda na Nota do dia 30, os Docentes conclamam a categoria de que “nossa organização sindical é um instrumento essencial na defesa da Universidade Pública e das conquistas de nossa categoria que vem sendo ameaçadas pelo atual governo: a liberdade de cátedra, a autonomia universitária, a Dedicação Exclusiva e o direito de livre pensar e de produzir conhecimento científico. Que possamos estar juntos nesta etapa de reorganização geral de nossa Seção Sindical do ANDES. Uma unidade com Estudantes e Técnicos é fundamental para defender a nossa Universidade”.

A luta da comunidade universitária da UNIR está apenas começando. Neste período também, ocorreu intensa luta dos estudantes, com mobilização contra a privatização da Universidade; disputa e a eleição de uma Chapa de Estudantes combativos que pôs fim ao imobilismo do Levante/PT/UNE e varreu a tentativa bolsonarista de tomar a entidade estudantil. Intensifica-se a mobilização da comunidade universitária da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), para barrar um texto privatista da mudança estatutária da UNIR, além de intensa luta para que o Conselho Superior daquela Universidade se posicione contrário ao Future-se. Nesta luta tem se colocado inúmeros docentes, técnicos e estudantes combativos, que tem defendido a retomada das organizações classistas, num movimento de reorganização pela base. Despontam novas lideranças na intelectualidade honesta e comprometida com a ciência à serviço do povo. Ao seu lado, a juventude combatente, ávida por fazer do seu papel de servir ao povo, cerram fileiras lado a lado na luta unificada e organizada, na certeza de que resistir é preciso.

***

Matérias sobre a assembleia tumultuada onde os docentes foram impedidos de entrar e o presidente bolsonarista foi destituído:

https://www.rondoniagora.com/geral/professores-sao-impedidos-de-participar-de-assembleia-da-adunir-que-trataria-de-denuncias-de-corrupcao-pm-e-chamada

http://www.rondonoticias.com.br/noticia/geral/32650/presidente-da-adunir-e-exonerado-do-cargo-apos-denuncias-de-irregularidades

ADVOGADO BOLSONARISTA FOI AFASTADO POR CORRUPÇÃO NO IBAMA 

https://www.tudorondonia.com/noticias/rondonia-quatro-pessoas-tem-mais-de-r-800-mil-em-bens-bloqueados-,22250.shtml

https://www.tudorondonia.com/noticias/justica-federal-em-rondonia-condena-procuradores-do-ibama-,39731.shtml

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