Estudantes indígenas e quilombolas de Rondônia se opõem ao EaD!

NOTA DE REPÚDIO ÀS AULAS REMOTAS NA UNIR

Nós estudantes indígenas de todos os campida Universidade Federal de Rondônia–UNIR, vimos pela presente nota NOS MANIFESTAR CONTRA as “possíveis aulas remotas/EaD” tendo em vista que muitos estudantes indígenas retornaram para suas comunidades em decorrência da pandemia,e na maioria dessas comunidades indígenas não se tem acesso à internet e nem sinal de telefone,dificultando assim a participação nas aulas. Aqueles que ainda estão nas cidades, estão vivendo em situação de extrema vulnerabilidade social, não tendo acesso à internet de qualidade para participar de todas as aulas. Além disso, consideramos que todo processo linguístico que o material em EaD traz é muito superficial, além de não se ter resolvido, por exemplo, como será a oferta de material para que os alunos com deficiências possam acompanhar essas aulas?

Mesmo que a UNIR ou Departamentos dos cursos disponibilizem materiais impressos a cada 15 dias, não seria possível todos os estudantes terem acesso ao material,por ser difícil a locomoção da aldeia até o campus, além de gerar custos altíssimos de viagens. A título de exemplo, existem acadêmicos indígenas que moram há 02 dias de barco da aldeia até a cidade próxima e outros ainda que residem na área urbana de um município, porém estudam em outra cidade. Somado a isso existe a possibilidade de colocarmos a saúde da comunidade em risco, já que em Rondônia o número de infectados veem crescendo.

Consideramos que essa medida é, mais uma vez,uma política de exclusão e desigualdade aos menos favorecidos que entram na Universidade por ações afirmativas: indígenas, quilombolas e pessoas com deficiências que precisam de monitor para melhor compreensão no sentir, no tocar e na convivência e isso só é possível por meio de aulas presenciais. Entendemos que a implementação de aulas na modalidade EaD é um golpe contra a política de acesso e permanência na universidade.

Defendemos aqui que a nossa permanência na universidade é uma política de ação afirmativa oriunda de muitas lutas. Assim reiteramos que a Universidade é composta na sua maioria por pessoas de baixa renda, que vivem em situação de extrema vulnerabilidade socioeconômica e, com as aulas a distância,muitos acadêmicos não serão assistidos,haja vista que muitos não têm computador, tablet e muito menos internet. Ao propor o “ensino remoto”não se está levando em consideração a qualidade do ensino, as pessoas e suas necessidades específicas. Ao tornar real essa possibilidade de aulas remotas, a universidade só evidencia a exclusão de uma parte significativa dos estudantes indígenas.

VIDAS INDÍGENAS IMPORTAM! POR UMA UNIVERSIDADE QUE SIRVA AO POVO!

Porto Velho/RO, 03 de julho de 2020

Estudantes indígenas e quilombolas dos campida UNIR

Centro Acadêmico Indígena Intercultural –CAII/UNIR/Campus de Ji-Paraná

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