Os estudantes de Ribeirão Preto (SP) organizados na Frente Estudantil contra o EaD tomaram posição por meio de nota pública contra o processo de desmonte da Universidade de São Paulo, que tem se acelerado com a implementação do ensino à distância.
“A Universidade de São Paulo (USP) vem passando por um longo processo de sucateamento e privatização do ensino. O corte massivo de investimentos reflete tanto na estrutura física da universidade como nas pesquisas, devido decrescimento de contratações de funcionários e docentes e compra de equipamentos laboratoriais. No período da pandemia, os funcionários do campus foram esquecidos e desprezados, colocados para trabalhar em condições inadequadas, chegando a levar dois a óbito.”
A frente aponta que o processo de sucateamento da universidade pública brasileira remonta aos acordos internacionais firmados entre o Estado Brasileiro e o imperialismo ianque, com vistas à privatização do ensino superior nos países da América Latina.
“A precarização e privatização das universidades públicas brasileiras não se iniciou com governo Bolsonaro e seus Ministros da Educação, mas historicamente 30 anos atrás. Mais precisamente em 1989, quando ocorreu o “Consenso de Washington”, realizado nos Estados Unidos, onde reuniu instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial (BM) e o Departamento de tesouro dos Estados Unidos. No encontro, 10 medidas foram aprovadas para serem aplicadas com o objetivo de “acelerar o desenvolvimento” de vários países da América Latina e do Caribe. Essas medidas visavam ampliar a dominação imperialista sobre estes países.”
Para os estudantes o EaD representa mais um passo na concretização de tal projeto, objetivando inserir o capital privado nas instituições públicas e desfavorecendo a organização politica de professores e estudantes.
“A forma com que está sendo implementada a EaD, nomeada como ensino remoto ou atividades remotas, é antidemocrática. É um ataque a qualidade de ensino; a saúde mental dos docentes, discentes e dos funcionários e, a autonomia da universidade. A implementação se concretizada leva a um caminho sem volta para a privatização das universidades públicas. EaD não é a solução e sim a precarização!”
Os estudantes denunciam que em meio à pandemia do Covid-19 tanto a Reitoria da USP tem tomado medidas enfadonhas para manter as aulas a qualquer custo, levando ao afastamento de vários professores e trancamento do curso por inúmeros alunos, quanto o DCE da USP, hoje nas mãos do oportunismo, nada fez para mobilizar os discentes.
“O DCE da USP-RP até agora não se pronunciou, não puxou uma assembleia, não fez uma ouvidoria. Só apareceu para pedir voto e só voltaremos a vê-los com o mesmo propósito. A implementação da EaD na USP-RP é a continuação, forçada, do projeto de privatização, que já acontecia antes do período pandêmico, já se faz pauta de discussão para efetivação no pós-pandêmico. O ensino emergencial, no momento atual, é só uma desculpa para continuar projeto de desmonte da educação pública.”
A posição da Frente Estudantil contra o EaD é portanto que toda a comunidade acadêmica se una para barrar mais esse ataque contra a universidade pública por meio de ações combativas e de politização, fazendo frente ao EaD e demarcando linha em defesa da autonomia das universidades.
“Não será parados que nós vamos defender a universidade pública, mas sim com a união e com a combatividade dos estudantes e comunidade. Defendendo com unhas e garras. Os estudantes não podem aceitar concluir o semestre a qualquer custo nesse formato precário como única alternativa. Temos que lutar pela autonomia universitária e valorizar a tríade: Ensino, Pesquisa e Extensão. Ainda mais na atual conjuntura em que estamos vivenciando. Deveríamos estar pesquisando, desenvolvendo novos jeitos de ajudar a população. Problematizando a situação, colocando em discussão a crise sanitária, a falta de investimento, e consequentemente, a falta de estrutura dos hospitais públicos e o desemprego em massa da população
A implementação da EaD, é apenas de interesse econômico e mercadológico. Serve ao velho estado, para desarticular a luta combativa estudantil, que denuncia e enfrenta as classes dominantes parasitas de nosso país. Diante do cenário que foi exposto, defendemos o cancelamento do semestre e nos posicionamos de forma contrária a implementação antidemocrática do EaD na USP-RP. Convocamos todas e todos: estudantes, funcionário e docentes a se unirem nessa luta.”
nota completa disponível em: