Estudantes da Universidade Federal do Paraná realizaram nesta quinta-feira um ato presencial em frente à reitoria da UFPR para demandar ao reitor Ricardo Marcelo Fonseca uma reunião emergencial para discutir a realização do 40º ENEPe nas dependências da universidade. Faixas foram confeccionadas e estendidas na frente da universidade e sinaleiros próximos, lambes também foram colados na região.


O Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia é um evento político e científico de extrema importância para o movimento estudantil brasileiro. Nele se debatem os problemas mais candentes da educação, se formulam estratégias para a luta dos estudantes da pedagogia e se organiza o movimento estudantil da pedagogia para os embates que virão. O ENEPe foi fundamental em todos os momentos críticos que passou o ensino superior e básico.
Por meio do ENEPE nos articulamos em 2002, contra a cobrança de taxas de matrículas, garantindo no STF (2007) a gratuidade da universidade pública no Brasil; em 2005 lutamos contra a reforma curricular e a fragmentação utilitarista do curso de pedagogia, a dissociação entre teoria e prática, expressa na separação entre cursos de licenciatura e bacharelado; pela democracia universitária, ocupando a reitoria da UFPR; em 2007, ocupando a USP contra o decreto do fim da autonomia universitária nas universidades paulistas; em 2012 levamos a cabo a luta contra a privatização dos HU; em 2013 e 2014, estivemos na linha de frente das manifestações de junho e contra a Copa do Mundo; em 2015 e 2016, nas ocupações secundaristas, contra a reforma do ensino médio e a PEC do Teto de Gastos; em 2017 o ENEPe foi fundamental na luta contra a falsa regulamentação da profissão do pedagogo, a imposição da BNCC e os ataques à liberdade de cátedra de professores por grupos pró “Escola Sem Partido”; em 2018, contra os cortes de verbas e bolsas da CAPES; em 2019, nas massivas mobilizações contra o “contingenciamento” de gastos e em defesa da Universidade Pública.

Novamente este ano, em meio ao mais completo e brutal desmonte que já viveu o ensino público brasileiro, no qual a imposição da EaD avança a passos largos sob o pretexto do isolamento social, no qual o povo nos bairros e favelas é abandonado a própria sorte à política genocida de Bolsonaro e generais, que já ceifou mais de 150 mil vidas, realizar o ENEPe é uma necessidade premente para a defesa da educação. O direito à organização e manifestação política estão também na mira do governo federal. Para os burgueses donos de empresas de telemarketing, shoppings, cadeias de restaurantes, fábricas está tudo liberado. Ao povo não é permitido nem pensar em fazer uma reunião política que seja, uma manifestação, um debate, nada. É preciso denunciar: isto é política corporativista! É prenúncio de fascismo. O povo tem direito à organizar-se, somente ele pode dar resposta aos problemas da pandemia como foi provado pelos comitês sanitários país afora: https://exnepe.org/2020/09/23/mg-comite-de-apoio-ao-cabana-realiza-oficina-de-brinquedos-pedagogicos/


A mobilização virtual já encontrou seu limite, é necessário ir além para defender nossos direitos. Os encontros estaduais da pedagogia foram comprovação de que é sim possível realizar eventos presenciais de forma segura. Em todos estes a luta pode ser organizada sem que uma única pessoa fosse contaminada.




A defesa da, cada dia mais vilipendiada, autonomia universitária depende da mobilização massiva e consequente de estudantes, como já comprovado pelas décadas de luta da pedagogia. Apenas os conselhos universitários e a burocracia do Estado não são capazes de assegurar nossos direitos. Novamente chamamos o magnífico reitor Ricardo Marcelo Fonseca a reunir-se conosco para debater estes tópicos.


DERRUBAR OS MUROS DA UNIVERSIDADE! SERVIR AO POVO NO CAMPO E NA CIDADE!
PEDAGOGIA É PRA LUTAR! O IMOBILISMO NÃO VAI NOS SEGURAR!
Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia