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As reclamações sobre as aulas remotas em Minas Gerais não são de agora. Pais e alunos da rede estadual de educação relatam muitas dificuldades para acessar o aplicativo Conexão Escola e dizem que o sistema trava e códigos de acesso inválidos.
Os irmãos Gabriel Santos Ferreira, de 14 anos, e as irmãs Maiara, de 12 e Yara, de 10, reclamam dos problemas na hora de acessar o aplicativo. “Uma das minhas dificuldades na Conexão Escola é o código ainda não fornecido para mim. Ai não consigo ter acesso a aula dos professores nem da minha turma”, diz Gabriel.
“A minha dificuldade é acessar a Conexão Escola porque, às vezes, quando a gente consegue acessar que é bem pouco, aí na hora que vai fazer a prova ele trava e o código que já forneceram pra mim e, na hora que eu vou entrar pra ver a aula, não funciona”, fala Maiara da Conceição Santos Ferreira, de 12 anos.
“A minha maior dificuldade é não ter explicação dos professores na Conexão Escola”, comenta Yara Maria Santos Ferreira, de 10 anos.
Os três são filhos do Wouney e da Gláucia, moradores de Ouro Preto, e que também acabam sofrendo com o drama das crianças.
“Depois que atualizaram o aplicativo para a versão 2.0 a conexão ficou horrível, dificuldade para ter as aulas on-line, principalmente pro teste diagnóstico, isso acaba prejudicando muito no ensino deles”, avalia o técnico em informática Wouney da Costa Ferreira.
O aplicativo é uma das ferramentas do governo para o ensino remoto na rede estadual de ensino. A nova versão começou a ser disponibilizada neste mês, uma forma de trazer mais interação entre professor e aluno, como conversas por vídeo, por exemplo. O aplicativo também veio com a proposta de colocar a matéria em dia de cada sala de aula. Só que nem sempre funciona.
As irmãs Máyra e Mariana são estudantes em Ribeirão das Neves e sempre precisam da ajudinha da mãe para acessar o sistema.
“A gente clica pra entrar, aparece usuário, senha inválida, tente novamente. Aí vamos tentar entrar novamente, já fiz isso muitas vezes, já fiquei até meia-noite e meia tentando aparece sempre erro de autorização”, fala a dona de casa Rosemary Pacheco.
Segundo o governo, são mais de um 1,7 milhão estudantes matriculados em escolas estaduais. O aplicativo tem mais de um milhão de usuários inscritos. A subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica diz que o sistema não tem problema. São professores e alunos que podem estar confundindo as informações de acesso.
“Quando do primeiro acesso, seja do estudante, ou do professor, tem uma senha padronizada. Então o estudante tem a senha, a sua data de nascimento. Quando ele faz o primeiro acesso, é solicitado que ele mude essa senha. Então, às vezes, os estudantes estavam modificando a senha e esqueciam de anotar e na hora que tentava entrar no aplicativo de novo ou ele esquecia a senha ou punha a senha antiga. Aí não há permissão de entrada”, defende-se Geniana Guimarães Faria.
Renata Amaral, professora do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), defende que devem ser criadas políticas públicas para melhorar o acesso dos alunos à rede.
“É preciso que a gestão pública conheça esses estudantes e essas famílias e desenvolva politicas publicas para poder formar o professor, pra poder formar o aluno. Dar treinamento, ainda que seja virtual. Além disso, conceder o acesso. É preciso que eles tenham computador, celular, internet que comporte o aplicativo que foi desenvolvido”.
Segundo a subsecretária de Desenvolvimento da Educação, o governo fornece a internet, com o pacote de dados para alunos e professores, e os educadores estão sendo capacitados para lidar melhor com o aplicativo.
Ainda de acordo com ela, para os alunos que não têm acesso à internet, o estado está fornecendo material impresso.